Como inovar para o pobre? Pragmatismo na inovação.
“A simplicidade é o último grau da sofisticação” – Leonardo da Vinci.
Não sou especialista em inovação, mas sim um observador e admirador da genialidade das soluções simples e eficientes.
Esse conceito de fazer mais com menos, de gerar soluções de baixo custo de modo criativo e eficiente passou a ser denominada há algum tempo como Frugal Innovation (*). Os empreendedores orientais principalmente da Índia e China lideram atualmente essas habilidades. As soluções que focam em alta funcionalidade a baixos custos têm se mostrado bastante adequadas para os mercados dos países emergentes, mas algumas já começaram a ser adotadas em mercados do primeiro mundo.
(1) Sazón (Ajinomoto)
Numa reunião com o VP Global da Divisão Alimentos na multinacional anglo-holandesa de ingredientes que eu trabalhava, em determinado momento ele virou para equipe brasileira e perguntou, o que vocês podem vender para arroz ou feijão? Nós ficamos atônitos e sem resposta. Quem deu a brilhante a resposta foi a Ajinomoto ao utilizar o seu produto básico Mono glutamato de sódio (MSG), conhecido como Ajisal, como base da linha de temperos prontos em sachê Sazon, inicialmente para feijão e arroz. A empresa explodiu no mercado brasileiro.
(2) Farofa Pronta (Yoki)
Todo brasileiro de norte a sul adora um churrasco, mas a farofa um dos principais acompanhamentos tinha que ser preparada longe da churrasqueira. Isto até a empresa (Yoki) que comercializava entre outros produtos a farinha de mandioca ter a genial ideia de agregar valor a farinha e lançar a Farofa Pronta Temperada, extremamente prático e de sabor que agradou tanto aos consumidores que foi sucesso imediato.
(3) Cracker gostinho Manteiga (Vitarella – M. Dias Branco)
Existe produto mais tradicional que biscoito cracker? Em Pernambuco, este subsegmento de mercado diminuía a cada ano e sem diferenciação entre os diversos fabricantes. Neste cenário a empresa Vitarella resolveu simplesmente dar um toque de sabor de “manteiga de garrafa” no seu cracker, e o sucesso foi tão grande no Nordeste que o produto revitalizou a categoria e virou referência não só na região, mas para o resto do país.
No mercado brasileiro, que vivencia uma queda brusca e dramática do poder aquisitivo do consumidor, os empresários e os profissionais das áreas técnicas e de marketing tem que pensar e trabalhar com esse tipo de mentalidade, e parar de agir somente como vândalos da qualidade dos seus produtos por redução indiscriminada de custos.
(*) literatura sugerida sobre Frugal Innovation
– Frugal Innovation – How to do more with less Navi Radjou; Jaideep Prabhou.
– Reverse Innovation – Create far from home, win everywhere. Vijay Govindarajan; Chris Trimble.
Outubro/2016
Luiz Azevedo – Eng.º Químico, MBA Marketing, Mestre Economia, Diretor da Profiler e Sócio PBC Council - Food & Beverages Consultants.